Não há nada aqui. Ainda, ou talvez para sempre. Quando vejo a página que criei para ser dedicada a mim e meus devaneios assim, vazia, traindo-me desta maneira tão crua, não sinto que há nada mais a declarar. Tudo está dito, sem que esteja.
São quase cinco da tarde agora. A música tocando nos fones me retira do presente e sinto-me novamente no colegial (talvez por isso tive o ímpeto de escrever).Escrevi, há muito tempo e numa outra plataforma, que diversos eu do passado morreram para dar lugar ao eu do presente - daquele presente, isto é. Hoje percebo que isso não era de todo correto. De vez em quando me pego sentindo e lembrando de coisas que se passaram em outras vidas, com outros eu dos quais me desassocio com frequência. Quando é um esforço consciente de caminhar pela estrada da nostalgia, vejo tudo de maneira isométrica, como se vivesse uma experiência de quase-morte; mas ao que me refiro agora é outra coisa. São lampejos de vida que se manifestam, criando uma lembrança vívida, ainda que não imagética, de um mundo ao qual pertenci um dia.
Essa pulsação de existências anteriores fazem-se notar, e por elas tenho uma nova maneira de experimentar novamente sabores e dissabores, tornados ambos pratos de alta gastronomia, sob o tempero do tempo.
Finalizo esse... da maneira como comecei. Talvez como primeiro texto, seja a quintessência do que se tratará nessa página, e a epígrafe perfeita para ele seja "Não há nada aqui", apenas eu.
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